terça-feira, 16 de agosto de 2011

UK-011

Não se deve confrontar as decisões do passado.
Não se deve abrir a vida quando a vida é récem conhecida.
Não se deve derreter-se em elogios em pessoas sólidas.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

UK-010

Minha musa é uma musa morta.
E como tenho musa, tenho desejo.
Estar junto a ela.
E como tenho musa, tenho sentido o mesmo sentido dela.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

UK-009

Há o dever de ser algo. Viver em sociedade implica em aceitar e perseguir este dever. Ser. Trabalhador ou ladrão, ativo ou passivo, alegre ou triste. Não se pode ser nada. E aos que querem ser, há os rótulos, aplicados erroneamente: vagabundos, idiotas, apáticos.
Loucos.
Há vários tipos de loucos, mas, no fundo, loucos são apenas aqueles que não se encaixam. Para os loucos, suas loucuras são corretas. A minoria louca acha a maioria louca. Mas quem garante não ser o inverso? A maioria não necessariamente está certa.
Mas estou fugindo do foco aqui.
A sociedade espera que seus membros queiram crescer. Queiram ser mais ricos, mais bonitos, ter mais parceiros sexuais, ou ter apenas o melhor de tudo. Viver para sempre. É óbvio que em nenhum desses casos, jamais haverá satisfação plena.
A sociedade, pois, espera que alcancemos o impossível. E condena àqueles que reconhecem essa impossibilidade.
Não há direito de ser nada. Não há o direito de cessar a existência por puro tédio. Não podemos constatar o beco sem saída que é a vida, a não ser que seja para ignorar-mos.
Não podemos morrer pelas próprias mãos sem motivos. Em grande parte do mundo, nem mesmo com motivos. Tudo deve ter conseqüências. Nada pode ser nada.
Mas este direito, tudo devia ter.
E este é o discurso pelo direito de ser nada.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

UK-008

Os sentimentos podem ser os mesmos, mas a maneira de sentir é única de cada um.
Não tenho razões para acreditar que a minha maneira de sentir seja a pior possível, mas sei que não é a normal.
E aqueles que sentem melhor que eu, se ofendem, pela falta de compreensão. Inconformam-se pela minha falta de vida, apesar de ter tudo a meu dispor.
Aqueles que sentem pior que eu, se ofendem, pela dramaticidade de meus atos. Inconformam-se pela minha busca pela tristeza, quando a tristeza real é algo que ninugém em sã consciência busca.
Mas, ora, sou insano (talvez).

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

UK-007

Estranhos vem a mim.
Se apresentam.
Fingem carinho.
Escrevem em meu muro.
Esperam respostas.
Esperam poesias em seus nomes.
A poesia vem.
"Presente", lhes digo.
Estranhos, somem,
cheios de si
com suas poesias.
Mas aquela visão
é minha (e somente minha)
sobre aquele estranho
com seus sentimentos forçados.
Meu eu-lírico
escrevendo para os deles.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

UK-006

    Há muitas semanas, Johnny não via Roger. Da última vez, Roger havia saído para comprar cigarros. Irônico, a desculpa que maridos dão para fugir de suas vidas foi dita com sinceridade por Roger. Ele estava indo comprar cigarros para Johnny. Segundo Roger, ele havia chegado num ponto em que não podia mais ter essa fuga negada.
    Johnny fuma sozinho. Esperou por Roger por cerca de 730 cigarros. Johnny sabe que Roger não morreu. Ele não sente nada. E uma multa de trânsito, por excesso de velocidade, chegou outro dia. Na foto, anexada a multa, Roger estava.