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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

UK-014

O verbo ser devia sofrer banimento.
Ninguém tem direito a ser.
Ora pois,
se dizer "sou feliz" não passa de ingeniudade.
se dizer "sou feio" não passa de falta de plásticas.
Apenas objetos são, conforme suas utilidades.
Humanos não são nada, jamais serão.
Humanos estão.
E é só isso que é.

UK-013

Quase posso te ver
com seus passos desconcertados e desconcertantes,
agindo com vários, para procurar algum prazer. Nunca encontraria. Por isso, eu mesmo não procuro.
O máximo que eu poderia conseguir, se foi, embaixo das rodas dum caminhão.
Tente desviar, mas não consiga.
Não há como evitar a sujeira quando se está em meio a ela.

UK-012

Há muitos comportamentos para analisar, mas nenhum deles me agrada. Sinto que o vazio que sinto é preenchido, aos poucos, com a falta de você. De certa forma, é bom. Ter motivo pra ser triste me tira da condição de doente.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

UK-011

Não se deve confrontar as decisões do passado.
Não se deve abrir a vida quando a vida é récem conhecida.
Não se deve derreter-se em elogios em pessoas sólidas.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

UK-010

Minha musa é uma musa morta.
E como tenho musa, tenho desejo.
Estar junto a ela.
E como tenho musa, tenho sentido o mesmo sentido dela.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

UK-009

Há o dever de ser algo. Viver em sociedade implica em aceitar e perseguir este dever. Ser. Trabalhador ou ladrão, ativo ou passivo, alegre ou triste. Não se pode ser nada. E aos que querem ser, há os rótulos, aplicados erroneamente: vagabundos, idiotas, apáticos.
Loucos.
Há vários tipos de loucos, mas, no fundo, loucos são apenas aqueles que não se encaixam. Para os loucos, suas loucuras são corretas. A minoria louca acha a maioria louca. Mas quem garante não ser o inverso? A maioria não necessariamente está certa.
Mas estou fugindo do foco aqui.
A sociedade espera que seus membros queiram crescer. Queiram ser mais ricos, mais bonitos, ter mais parceiros sexuais, ou ter apenas o melhor de tudo. Viver para sempre. É óbvio que em nenhum desses casos, jamais haverá satisfação plena.
A sociedade, pois, espera que alcancemos o impossível. E condena àqueles que reconhecem essa impossibilidade.
Não há direito de ser nada. Não há o direito de cessar a existência por puro tédio. Não podemos constatar o beco sem saída que é a vida, a não ser que seja para ignorar-mos.
Não podemos morrer pelas próprias mãos sem motivos. Em grande parte do mundo, nem mesmo com motivos. Tudo deve ter conseqüências. Nada pode ser nada.
Mas este direito, tudo devia ter.
E este é o discurso pelo direito de ser nada.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

UK-008

Os sentimentos podem ser os mesmos, mas a maneira de sentir é única de cada um.
Não tenho razões para acreditar que a minha maneira de sentir seja a pior possível, mas sei que não é a normal.
E aqueles que sentem melhor que eu, se ofendem, pela falta de compreensão. Inconformam-se pela minha falta de vida, apesar de ter tudo a meu dispor.
Aqueles que sentem pior que eu, se ofendem, pela dramaticidade de meus atos. Inconformam-se pela minha busca pela tristeza, quando a tristeza real é algo que ninugém em sã consciência busca.
Mas, ora, sou insano (talvez).

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

UK-007

Estranhos vem a mim.
Se apresentam.
Fingem carinho.
Escrevem em meu muro.
Esperam respostas.
Esperam poesias em seus nomes.
A poesia vem.
"Presente", lhes digo.
Estranhos, somem,
cheios de si
com suas poesias.
Mas aquela visão
é minha (e somente minha)
sobre aquele estranho
com seus sentimentos forçados.
Meu eu-lírico
escrevendo para os deles.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

UK-006

    Há muitas semanas, Johnny não via Roger. Da última vez, Roger havia saído para comprar cigarros. Irônico, a desculpa que maridos dão para fugir de suas vidas foi dita com sinceridade por Roger. Ele estava indo comprar cigarros para Johnny. Segundo Roger, ele havia chegado num ponto em que não podia mais ter essa fuga negada.
    Johnny fuma sozinho. Esperou por Roger por cerca de 730 cigarros. Johnny sabe que Roger não morreu. Ele não sente nada. E uma multa de trânsito, por excesso de velocidade, chegou outro dia. Na foto, anexada a multa, Roger estava.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

UK-005

Se mexer sem se mover não é pra mim.
Só gosto de me mover sem me mexer.
Devo deixar a mediocridade para trás.
Tentar fugir da sua morte é tão inútil quanto fugir da sua vida.
Ninguém jamais chegará a seus pés.
Então posso guardar os tapetes, tão lindos, que fiz, em anos, para você pisar.
O problema é que eu já tenho um sótão cheio deles...

UK-004

Há tempos não me sentia deslocado assim.
Além da sensação diário de Outsider
isso é demais pra mim.
Hoje, não me permito.
Hoje, me afoguei em tanto som.
Só sei nadar onde conheço.
As fugas já não tem o resultado esperado, pois não se pode fuigr o tempo todo para o mesmo lugar.
Só se estiver fugindo de coisas diferentes, o que, definitivamente, não estou.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

UK-003

Você primeiro.
Eu segundo.
E os terceiros,
deixo em último.

Mas se estes
te interessam
aproveite-os
brinque com eles.

Só te peço
que o segundo
ainda seja eu.

Independente
de quantos terceiros
passem

UK-002

Por um segundo
o destino salva um homem.
Por outro segundo,
outro homem é levado.

Quanto tempo
positivo ou negativo
estou errado
para que o destino
astuto
me acerte?

Estou atrasado
ou adiantado?
Certo não estou, sei.
Se estivesse,
não mais seria.

sábado, 9 de julho de 2011

UK-001

In Brussels (Pizza-Hut)

Dois pares de olhos castanhos se encontram
Estes sim, jamais se encontrarão de novo
Por trás das divisórias das mesas
Tudo que um vê do outro são os olhos
Mas a cidade está cheia de turistas
E os dois pares pertencem à países diferentes
Nunca trocarão palavras ou outros olhares
Possibilidades que se perdem e se ganham