quarta-feira, 30 de maio de 2012

Dog Problems

Quero dormir, o tempo todo.
É o mais próximo de morrer que minha covardia me deixa chegar.
Posso dizer a mim mesmo que sou corajoso por continuar vivo, mas, é óbvio, é mentira.
Esse hábito vagabundo de só dormir me afunda ainda mais. Só pelo fato de ter que acordar e encarar a vida, o dia ou a

noite.
A noite parece inspiradora. O caderno me convida a preenchê-lo, e a cama me nega, me joga de um lado para o outro até

que o sol apareça na janela. Mas aí é hora de acordar. De colocar a máscara de menino da sociedade. Fingir que me

importo com o futuro. Fingir que tenho planos. Tenho alguns, tão bem fingidos, que até eu acredito.
Sei, desses planos, de coisas que eu queria fazer. Só que o conhecimento da unitilidade disso tudo me faz mais próximo

dos planos que ninguém aceitaria. (É o tipo de coisa que só se aceita se é compartilhado).
Dormir para sempre. Ou morrer, como dizem.
Lembra daquele negócio de inferno astral que eu cito todo ano nos meus textos? Pois é. O desse ano tá acabando. Pena

que o do ano que vem já começou. Essa intersecção é foda.
What can I do to be killed around here?

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Deadlock

Coço os olhos como se minha vida dependesse disso. Como tudo no mundo, a dor e o desânimo foram sentidos em extremo por uma e somente uma pessoa. Não sou eu, mas o meu recorde, o recorde desta casa, desta sala, deste cursto, deste instituto, este é meu, e é batido todo dia.
Procuro coisas tristes para não chorar em vão. Que tipo de vício estúpido é esse? Vício em lágrimas. É o contra-ato. Estar preso em uma contradição. Querer o não-querer. Ser o impossível. Buscar a morte para me sentir vivo. Ser triste para ser feliz.
O que há de errado com este cérebro que sabe que está errado e mantém a direção?
Não é questão de comodismo. Tenho iscas e anzóis para quem eu quiser atrair.
(E as vezes parece que é o contrário.)
Nenhuma vida é ou foi como a minha, sou único, como tudo já foi. Nenhuma dor. E tudo único. Mas se é tudo único, não seria tudo unicamente igual? Ou igualmente único?
Deadlock. Preso, em loop, em contradições.
Como um algoritmo mal programado.
Como sinais de trânsito não sincronizados.

domingo, 27 de maio de 2012

Trânsito I

Toda noite, pneus gritam o seu nome. Freiam pra te evitar, obstáculo que se tornou. Entre mim e a felicidade, só há um monumento à você. Mas não freio, não pra você. Te atinjo, todas as noites. Não freio, mesmo sabendo que isso me deixa estagnado, batendo de todos os lados, e sempre distante da felicidade. Talvez prefira essa tristeza motivada àquela tristeza sem causa e sem cura.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Dormindo Com O Inimigo

Todas essas histórias de amor e superação fazem questão de se jogar aos meus olhos e ouvidos. Só pra me lembrar que eu nunca terei o que há lá. A vida não é fácil pra ninguém, eu sei, eu sei. Sinto falta dela, mas não é por ela que sofro. Ou será que é? Não tenho ânimo. Tenho algumas idéias, mas não ânimo.