Quero dormir, o tempo todo.
É o mais próximo de morrer que minha covardia me deixa chegar.
Posso dizer a mim mesmo que sou corajoso por continuar vivo, mas, é óbvio, é mentira.
Esse hábito vagabundo de só dormir me afunda ainda mais. Só pelo fato de ter que acordar e encarar a vida, o dia ou a
noite.
A noite parece inspiradora. O caderno me convida a preenchê-lo, e a cama me nega, me joga de um lado para o outro até
que o sol apareça na janela. Mas aí é hora de acordar. De colocar a máscara de menino da sociedade. Fingir que me
importo com o futuro. Fingir que tenho planos. Tenho alguns, tão bem fingidos, que até eu acredito.
Sei, desses planos, de coisas que eu queria fazer. Só que o conhecimento da unitilidade disso tudo me faz mais próximo
dos planos que ninguém aceitaria. (É o tipo de coisa que só se aceita se é compartilhado).
Dormir para sempre. Ou morrer, como dizem.
Lembra daquele negócio de inferno astral que eu cito todo ano nos meus textos? Pois é. O desse ano tá acabando. Pena
que o do ano que vem já começou. Essa intersecção é foda.
What can I do to be killed around here?