[Batidas na porta]
- ah meu deus... quem?
- Sou eu!
- ah.. ah.. já vou..
[Porta abre.]
- eu tô... uhn.. enjoada..
- Você tá...
- uhng.. doente..
- Linda.
[Ela não poderia estar linda. Ela estava descabelada, com o rosto pálido e suado. Olheiras enormes. Ela não poderia estar linda, mas estava.]
- eu nao devia ter comido... ungh... aquela merda.. de lagosta...
- ...
[Ela corre pro banheiro e vomita. Ele só ouve, e espera o silêncio para ir atrás dela.]
- Vem. Você precisa de um banho.
- nah, me deixa... arg... que gosto horrível...
- Vem.
[Ele a coloca sentada dentro do chuveiro, pega a mangueirinha e a abre. Liga o chuveiro, verifica se a água está muito quente (normalmente, ela sai mais quente na mangueira). Á agua cai do chuveiro e sai pela ponta da mangueira. A água que cai do chuveiro a molha na cabeça e a mangueira, ele deixa nas mãos dela.]
- Olha. Eu vou te deixar aí um pouco. Tira essa roupa e depois se enrola na toalha.
- não me deixa. vem...
[Ela o puxa para dentro do chuveiro. Ele está de calça, camiseta e jaqueta e tudo se molha.]
- Não, não. Se ajeite aí.
- vem... me abraça...
[Ele se senta do lado dela e ela deita no ombro dele. A água continua correndo. Ele fecha os olhos enquanto a abraça. Ela pega a mangueira e põe próximo da boca dele.]
- Acorda!
- Oi?
- Eu te amo.
- !
- ?
- Você nunca me disse isso. Tá bêbada?
- Não.
[Ele a beija, nem se lembra que ela acabou de vomitar.]
- Sabe do que mais?
- hmmm?
[Esse 'hmmm' parece o ronronar de um gato]
- EU te amo.
- Eu sei.
- Claro que você sabe. Olha onde eu estou. Como eu estou.
- Não...
- O que você comeu pra ficar assim?
- Lagosta.
- Então. Você deve amar lagosta. Olha só, você aceita o risco de passar mal e come a lagosta.
- Hm.
- Eu estou aqui. Eu assumi o risco. Eu te amo. Você só me aceita por que eu cuido de você pra caralho.
- Hmm...
[De novo o ronronar]
- EU te amo.
- ...
[Ela dormiu. A água ainda corre.]