Uma linha de produção, com um tipo de produto único. Cada unidade é levemente diferente da outra, mas a essência é a mesma. As diferenças se dão devido ao leve nível de artesanato que há no produto. Poderia dizer-se que há um toque único em cada produto, mas a fôrma é a mesma, a matéria é a mesma e a máquina que produz é a mesma. A sutil unicidade surge pela aleatoriedade.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
About Last Night [9]
Não estava frio, mas ela tinha frio. Minha mãe estava na cozinha, fazendo comida, e dava olhadas em direção a piscina eventualmente. Eu já estava dentro da piscina, e não estava frio, mas ela tinha frio. Com um biquíni preto, ela parecia uma mistura de Gwen Stefani com Natalie Imbruglia. Ela pulou na piscina, e seus cabelos curtos ficaram ainda mais lindos. Não estava frio, mas ela ficou com ainda mais frio, e foi para um dos cantos da piscina para tentar se proteger de tanta água fria que não estava fria. Fui até ela e a abracei, tentando tratar do frio que não existia. Ela roçava a cabeça em meu pescoço e, com o frio que sentia, me beijou. Não era minha intenção tirar o frio dessa forma, mas foi assim que ela sentiu que o frio se foi. Minha mãe ainda cozinhava, e ela, tão feliz, saiu pulando em pose de sapo pela casa. Minha mãe, da janela, dizia "ela é meio louquinha né? tomara que dê certo com vocês", e eu pensava "preciso avisar minha amiga que beijei uma popstar". Quando ela voltava de seu passeio anfíbio e pulava na piscina novamente, notei que ela tinha caninos proeminentes, quase vampirescos, e ela me dizia, de fora da piscina, sem o frio, "sua mãe vai te levar amanhã pra remover o umbigo" e eu pensava "mas amanhã é domingo" e dizia "eu gosto de ter umbigo. acho legal limpar." e ela dizia "SIM!" - em caixa alta - "é uma terapia!". Eu concordava com a cabeça e me dirigia à borda da piscina, para sair. De repente, eu estava nu, e por algum motivo, se minha mãe me visse nu, eu perderia meu umbigo. Ela veio com uma toalha amarela para me proteger, e assim que eu saia da piscina, eu dizia "pênis velho" e minha mãe dizia "O QUÊ?" e ela respondia "tênis velho! ele tá precisando de um tênis novo" e gargalhava. O frio que eu então senti, era o frio que ela tinha sentido, o frio que não existia.